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TEA Transtorno do Espectro Autista

Saiba tudo sobre TEA e processamento visual

O QUE É TEA?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como um distúrbio do desenvolvimento que afeta a capacidade de uma pessoa de interagir socialmente e de se comunicar, além de estar associado a padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. O TEA abrange uma ampla gama de condições, desde formas leves até graves, e é caracterizado por desafios no desenvolvimento da linguagem, na interação social e na compreensão de emoções e relacionamentos.

O QUE É “ESPECTRO”?

TEA é um espectro, isto significa que as experiências visuais assim como experiências vindas de outras entradas sensoriais podem variar amplamente de uma pessoa para outra. Alguns indivíduos podem não apresentar características amplamente descritas como frequentes no TEA, enquanto outras podem apresentar de forma mais acentuada. Além disso, essas características podem mudar ao longo do tempo e com o desenvolvimento. 

TEA E AS ALTERAÇÕES NO SISTEMA VISUAL

As diferenças no sistema visual de pessoas com TEA têm sido estudadas com o uso de recursos como exames de neuroimagem que identificam processos específicos no cérebro, percepção, processamento e integração de informações visuais. 

No TEA a acuidade visual normalmente não é diferente da encontrada em um desenvolvimento típico, porém é comum o processamento visual apresentar-se diferente em comparação com pessoas sem o transtorno. Alguns indivíduos com TEA podem ter habilidades visuais excepcionais em certas áreas, como reconhecimento de padrões ou detalhes, enquanto podem enfrentar desafios em outras, como integração de informações visuais e sociais. 

Por isso a necessidade de avaliar as habilidades de processamento visual na pessoa com TEA, direcionando o acompanhamento terapêutico de acordo com suas necessidades.

A avaliação com o oftalmologista, médico especializado em cuidar da saúde ocular, é a parte inicial de investigação para identificar se uma pessoa tem ou não alteração de processamento visual.

Esta avaliação tem como objetivo avaliar a saúde e a funcionalidade dos olhos, identificar problemas visuais e oculares, bem como prevenir e tratar condições que possam afetar a visão.

Realizar avaliações oftalmológicas regularmente é crucial para manter a saúde ocular e prevenir problemas de visão. Essas avaliações são importantes em todas as idades e devem ser realizadas periodicamente mesmo diante de um exame oftalmológico normal, pois as necessidades visuais podem mudar ao longo do tempo.

A Viver realiza avaliação de processamento visual e possui uma plataforma própria para estimulação das habilidades visuais. Clique aqui para saber mais.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS COMUNS DO PROCESSAMENTO VISUAL NO TEA:

  1. Foco nos detalhes: No TEA as pessoas podem focar mais nos detalhes do que no todo. Isso pode levá-las a notar padrões e detalhes que outras pessoas podem não perceber.
  2. Processamento local e não global: Isto significa que em tarefas visuais, pessoas com TEA podem processar primeiro os detalhes locais antes de integrá-los em uma visão global. Isso pode resultar em uma percepção visual mais detalhada, mas também pode dificultar a percepção de contextos mais amplos.
  3. Sensibilidade sensorial: Algumas pessoas podem ter sensibilidades visuais, sendo mais sensíveis à luz, cores intensas, padrões complexos ou movimentos rápidos. Isso pode levar a dificuldades em ambientes visualmente estimulantes, como supermercados ou locais com muita agitação visual.
  4. Dificuldades com gestaltização: A gestaltização é a capacidade de perceber objetos como formas ou padrões distintos em vez de coleções de partes individuais. Pessoas com TEA podem ter dificuldade com isso, o que pode afetar a percepção de expressões faciais e outras informações visuais sociais.
  5. Interesses visuais intensos: Muitas pessoas com TEA têm interesses intensos e específicos em áreas visuais, como desenhos animados, mapas, horários ou outros itens visualmente estimulantes.

ORIGEM DO TEA

A origem do autismo não é totalmente compreendida, mas atualmente acredita-se que seja resultado de uma combinação complexa de fatores genéticos e ambientais. Alguns estudos sugerem que certas variantes genéticas podem aumentar a susceptibilidade ao autismo, mas o transtorno não é causado por um único gene, sendo provavelmente influenciado por múltiplos genes. Esses genes têm sido mapeados em investigações sobre TEA. 

Fatores ambientais também podem desempenhar um papel, como complicações durante a gravidez ou o parto, exposição a toxinas durante a gestação e outras condições ambientais. No entanto, a relação exata entre esses fatores e o TEA ainda não é totalmente clara.

Mesmo com muito a ser estudado, é importante saber que com certeza o autismo NÃO é causado por vacinas ou por problemas emocionais dos pais, como era erroneamente acreditado no passado.

PODA NEURAL: O QUE É E COMO INTERFERE NO DESENVOLVIMENTO DA PESSOA COM TEA?

O termo “poda neural” refere-se a um processo natural e essencial para o desenvolvimento saudável do cérebro que ajuda a refinar as conexões e melhorar o funcionamento do cérebro.

Ocorre durante a infância e a adolescência de todas as pessoas e, nesse período, o cérebro passa por um processo de “limpeza”, eliminando conexões menos utilizadas e fortalecendo as mais importantes.

Em pessoas com TEA essa poda neural ocorre de forma parcial. São mantidos mais neurônios. Essa menor eliminação pode parecer em um primeiro momento uma vantagem, porém o excesso de células neurais promove “ruído” na comunicação, piorando a qualidade na transmissão da informação entre os neurônios. O excesso não é funcional. Assim como em uma grande avenida menos veículos permitem um melhor fluxo no trânsito e excesso de veículos significa lentidão e problemas de deslocamento. 

QUAL A DIFERENÇA DO CÉREBRO DE UMA PESSOA COM TEA?

Pesquisas com exames de neuroimagem comprovam que comumente o cérebro de uma pessoa com autismo é maior em volume quando comparado ao cérebro de uma pessoa neurotípica.

Além de uma quantidade maior de neurônios no TEA, pode haver o aumento das conexões entre esses neurônios. Muita informação circulando promove dificuldade de funcionamento refinado por excesso de ruído. Este “congestionamento” de neurônios pode promover dificuldades de comunicação, interação social e flexibilidade mental.

Outra região que pode estar bastante alterada no TEA é o cerebelo. Esta é uma parte importante do cérebro que desempenha várias funções essenciais para o controle motor, equilíbrio e coordenação. Ele está localizado na parte inferior do cérebro, logo acima do tronco cerebral e é conectado à medula espinhal, ao cérebro médio e ao córtex cerebral. Estudos identificaram que esta região era composta por mais neurônios e menos axônios (fibras conectivas) em indivíduos com TEA. Isto significa que há muita informação e pouca possibilidade de condução aumentando a probabilidade de passar uma informação ruim, errada. Como resultado podem apresentar dificuldades de memória motora, marcha e funções executivas.A amígdala cerebral é uma estrutura em forma de amêndoa localizada no lobo temporal do cérebro. Ela desempenha um papel fundamental no processamento das emoções, especialmente aquelas relacionadas ao medo e à ansiedade.

A amígdala também está envolvida em outras funções, como a regulação do comportamento social e das respostas emocionais. No TEA é comum a presença de amigdala muito aumentada promovendo dificuldades para que a pessoa se autorregule. Há também uma menor conectividade entre as áreas giro frontal inferior e temporal medial ocasionando principalmente dificuldade de interação social.

AS DIFERENÇAS ESPECÍFICAS DA VIA VISUAL MAGNOCELULAR:

A Via Magnocelular é um dos sistemas de processamento visual do cérebro, responsável por detectar movimentos rápidos e grossos, além de contribuir para a percepção de profundidade e para a orientação visual no espaço. No TEA, há evidências de que a Via Magnocelular pode estar comprometida.

Como resultado desse comprometimento pode ser observado diferenças na percepção visual e na integração sensorial. Essas diferenças podem contribuir para dificuldades na percepção de movimento, na sensibilidade ao contraste e em outras áreas relacionadas à visão. Podem influenciar a forma como as pessoas com TEA interagem com o ambiente visual ao seu redor e contribuir para algumas das características observadas no TEA, como hipersensibilidade sensorial ou dificuldades com habilidades motoras.

PROCESSAMENTO VISUAL GLOBAL NO AUTISMO

O processamento visual global refere-se à capacidade de perceber e integrar informações visuais de forma holística, sem focar apenas em partes individuais. Algumas características comuns relacionadas ao processamento visual global no TEA incluem:

  1. Dificuldade na integração de informações visuais: Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldade em integrar informações visuais de diferentes partes de uma cena ou objeto, o que pode afetar sua capacidade de reconhecer padrões ou de perceber relações espaciais entre objetos.
  2. Foco em detalhes: Em contraste com o processamento visual global, algumas pessoas com TEA tendem a se concentrar em detalhes específicos, em vez de na imagem geral. Isso pode influenciar a forma como percebem e interpretam o ambiente visual ao seu redor.
  3. Dificuldade na percepção de faces: O processamento visual global é especialmente importante para a percepção de rostos. Alguns estudos sugerem que pessoas com TEA podem ter dificuldade em processar rostos de forma holística, o que pode afetar sua capacidade de reconhecer expressões faciais e de interpretar pistas sociais.
  4. Sensibilidade a estímulos visuais: Podem ser sensíveis a estímulos visuais intensos ou em movimento, o que pode dificultar ainda mais o processamento visual global em ambientes ricos em estímulos.

É importante notar que as experiências sensoriais e perceptivas podem variar amplamente entre as pessoas com TEA, e nem todas as pessoas com autismo apresentarão dificuldades no processamento visual global. Abordar essas diferenças de forma individualizada e adaptar as intervenções às necessidades específicas de cada pessoa é fundamental para oferecer o melhor suporte possível.

POR QUE ALGUMAS CRIANÇAS APRESENTAM SINAIS CARACTERÍSTICOS DE TEA APÓS O PRIMEIRO ANO DE IDADE?

Estudos mostram o aumento evidente do volume cortical em diversas áreas cerebrais ao longo dos primeiros meses de vida da criança com TEA quando comparado ao volume cerebral da criança neurotípica. Essa mudança no volume cerebral fica mais evidente após os 8 meses de idade com o desenvolvimento cerebral. Isso justifica porque os problemas de processamento visual e de linguagem tornam-se mais evidentes por volta dos 12 meses de idade.

PRINCIPAIS DIFICULDADES EM FUNÇÕES VISUAIS NO TEA:

SENSIBILIDADE AO CONTRASTE:

Indivíduos com TEA podem apresentar uma série de diferenças sensoriais, incluindo sensibilidades aumentadas ou diminuídas a estímulos sensoriais, como o contraste visual. Dificuldades com a sensibilidade ao contraste visual podem se manifestar de várias maneiras e variam de pessoa para pessoa afetando diretamente na forma como ela vai interagir com o ambiente visual ao seu redor, perceber detalhes, discriminar objetos ou formas em diferentes condições de iluminação, podendo ter sensibilidade aumentada para luzes brilhantes, cores vibrantes, padrões complexos, gerando hipersensibilidade visual e dificuldade para filtrar estímulos irrelevantes. Na diminuição da sensibilidade visual, os estímulos recebem menor atenção. além de influenciar em suas preferências sensoriais e comportamentais. 

  1. Hipossensibilidade ao contraste: ou sensibilidade ao contraste diminuída, é a dificuldade em perceber diferenças sutis de contraste entre objetos ou padrões. Isso pode afetar a capacidade de perceber ou distinguir detalhes em ambientes com muitos estímulos visuais.
  2. Hipersensibilidade ao contraste: ou sensibilidade ao contraste aumentada, significa que são facilmente sobrecarregadas por padrões ou objetos com forte contraste. Isso pode causar desconforto visual ou distração em ambientes com muitos estímulos visuais contrastantes.

PERCEPÇÃO DE MOVIMENTO:

Indivíduos com TEA podem apresentar uma série de diferenças sensoriais, incluindo dificuldades na percepção de movimento. Essas dificuldades podem se manifestar de várias maneiras e podem variar de pessoa para pessoa.

  1. Hipossensibilidade ao movimento: Algumas pessoas com autismo podem ter dificuldade em perceber ou processar movimentos de forma eficaz. Isso pode afetar sua capacidade de detectar movimentos sutis ou de seguir objetos em movimento.
  2. Hipersensibilidade ao movimento: Pessoas com autismo podem ser extremamente sensíveis ao movimento, o que significa que podem se sentir desconfortáveis ou sobrecarregadas por estímulos visuais em movimento, como carros passando ou pessoas andando rapidamente.
  3. Dificuldade de integração visual-motora: Alguns indivíduos com autismo podem ter dificuldade em integrar informações visuais e informações de movimento, o que pode afetar sua capacidade de realizar tarefas que requerem coordenação visual-motora, como pegar uma bola em movimento, acertar um alvo ou seguir uma linha em um desenho.

DIFICULDADES DE CONTATO OCULAR

O contato visual é uma parte importante da interação social, ajudando a estabelecer e manter a conexão com os outros. Pessoas com TEA comumente apresentam dificuldades de fazer e manter contato visual e, consequentemente, em processar e compreender informações sociais e emocionais. O interesse intenso em objetos ou padrões visuais específicos também contribui para piorar a atenção no contato ocular com outras pessoas.

Esta dificuldade para manter contato ocular pode ocorrer por dificuldades de movimentação sacádica ocular que no TEA muitas vezes não acontecem de forma adequada e apresentam-se curtas – sacadas hipométricas. As sacadas hipométricas referem-se a movimentos oculares que não atingem a distância esperada ou necessária para alcançar um determinado alvo visual. Esse tipo de movimento ocular pode ocorrer em várias condições, incluindo o TEA. Em indivíduos com TEA, as sacadas hipométricas podem estar relacionadas a dificuldades no processamento visual, na integração sensorial ou na coordenação motora necessária para realizar movimentos oculares precisos. e intensificam a possibilidade de o foco visual parar em regiões próximas como a boca, orelha ou nariz do interlocutor.

MOVIMENTOS OCULARES E TEA

Os desafios no controle de movimentos oculares podem variar amplamente entre indivíduos com TEA, e nem todas as pessoas com TEA experimentam esses tipos de dificuldades. A intervenção precoce e o suporte adequado podem ajudar a melhorar a comunicação e a interação social em pessoas com TEA que apresentam essas dificuldades

A movimentação sacádica ocular refere-se aos movimentos rápidos e voluntários dos olhos de um alvo visual para outro. Esses movimentos são essenciais para a exploração visual do ambiente e para a atenção seletiva a estímulos específicos. No Transtorno do Espectro Autista (TEA), o controle da movimentação sacádica ocular pode ser afetado de várias maneiras:

  1. Dificuldade de fixação ocular: Algumas pessoas com TEA podem apresentar dificuldades com a fixação do olhar, o que significa que podem ter dificuldade em manter o contato visual com outras pessoas ou objetos por períodos prolongados.
  2. Coordenação de seguimento ocular: Também é comum que indivíduos com TEA apresentem dificuldades na coordenação dos movimentos oculares, especialmente em tarefas que exigem seguir um objeto em movimento ou alternar rapidamente o foco entre diferentes objetos, o que pode afetar a forma como processam informações visuais e interagem com o ambiente.
  3. Menor número de sacadas e sacadas mais curtas: pesquisas indicam que pessoas com TEA podem fazer menos movimentos sacádicos do que indivíduos neurotípicos e essas sacadas se apresentarem mais curtas, ocasionando uma movimentação ocular lenta, atrasada, com tentativas de recuperação de velocidade e precisão, mas que se perdem no movimento. Esse movimento lento e com atraso pode afetar a maneira como exploram visualmente o ambiente e podem influenciar a atenção seletiva.
  4. Dificuldade na inibição de sacadas: podem ter dificuldade em inibir movimentos sacádicos automáticos, o que pode afetar sua capacidade de manter o foco em um estímulo específico por um longo período.

Embora essas diferenças no controle da movimentação sacádica ocular sejam observadas em algumas pessoas com TEA, é crucial reconhecer que cada indivíduo é único e pode apresentar uma variedade de habilidades e desafios visuais. A intervenção precoce e o suporte adequado podem ajudar a melhorar a exploração visual e a atenção visual em pessoas com TEA. 

A Viver realiza avaliação de processamento visual e possui uma plataforma própria para estimulação das habilidades visuais. Clique aqui para saber mais.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS COMUNS DO PROCESSAMENTO VISUAL NO TEA:

  1. Foco nos detalhes: No TEA as pessoas podem focar mais nos detalhes do que no todo. Isso pode levá-las a notar padrões e detalhes que outras pessoas podem não perceber.
  2. Processamento local e não global: Isto significa que em tarefas visuais, pessoas com TEA podem processar primeiro os detalhes locais antes de integrá-los em uma visão global. Isso pode resultar em uma percepção visual mais detalhada, mas também pode dificultar a percepção de contextos mais amplos.
  3. Sensibilidade sensorial: Algumas pessoas podem ter sensibilidades visuais, sendo mais sensíveis à luz, cores intensas, padrões complexos ou movimentos rápidos. Isso pode levar a dificuldades em ambientes visualmente estimulantes, como supermercados ou locais com muita agitação visual.
  4. Dificuldades com gestaltização: A gestaltização é a capacidade de perceber objetos como formas ou padrões distintos em vez de coleções de partes individuais. Pessoas com TEA podem ter dificuldade com isso, o que pode afetar a percepção de expressões faciais e outras informações visuais sociais.
  5. Interesses visuais intensos: Muitas pessoas com TEA têm interesses intensos e específicos em áreas visuais, como desenhos animados, mapas, horários ou outros itens visualmente estimulantes.

ORIGEM DO TEA

A origem do autismo não é totalmente compreendida, mas atualmente acredita-se que seja resultado de uma combinação complexa de fatores genéticos e ambientais. Alguns estudos sugerem que certas variantes genéticas podem aumentar a susceptibilidade ao autismo, mas o transtorno não é causado por um único gene, sendo provavelmente influenciado por múltiplos genes. Esses genes têm sido mapeados em investigações sobre TEA. 

Fatores ambientais também podem desempenhar um papel, como complicações durante a gravidez ou o parto, exposição a toxinas durante a gestação e outras condições ambientais. No entanto, a relação exata entre esses fatores e o TEA ainda não é totalmente clara.

Mesmo com muito a ser estudado, é importante saber que com certeza o autismo NÃO é causado por vacinas ou por problemas emocionais dos pais, como era erroneamente acreditado no passado.

PODA NEURAL: O QUE É E COMO INTERFERE NO DESENVOLVIMENTO DA PESSOA COM TEA?

O termo “poda neural” refere-se a um processo natural e essencial para o desenvolvimento saudável do cérebro que ajuda a refinar as conexões e melhorar o funcionamento do cérebro.

Ocorre durante a infância e a adolescência de todas as pessoas e, nesse período, o cérebro passa por um processo de “limpeza”, eliminando conexões menos utilizadas e fortalecendo as mais importantes.

Em pessoas com TEA essa poda neural ocorre de forma parcial. São mantidos mais neurônios. Essa menor eliminação pode parecer em um primeiro momento uma vantagem, porém o excesso de células neurais promove “ruído” na comunicação, piorando a qualidade na transmissão da informação entre os neurônios. O excesso não é funcional. Assim como em uma grande avenida menos veículos permitem um melhor fluxo no trânsito e excesso de veículos significa lentidão e problemas de deslocamento. 

QUAL A DIFERENÇA DO CÉREBRO DE UMA PESSOA COM TEA?

Pesquisas com exames de neuroimagem comprovam que comumente o cérebro de uma pessoa com autismo é maior em volume quando comparado ao cérebro de uma pessoa neurotípica.

Além de uma quantidade maior de neurônios no TEA, pode haver o aumento das conexões entre esses neurônios. Muita informação circulando promove dificuldade de funcionamento refinado por excesso de ruído. Este “congestionamento” de neurônios pode promover dificuldades de comunicação, interação social e flexibilidade mental.

Outra região que pode estar bastante alterada no TEA é o cerebelo. Esta é uma parte importante do cérebro que desempenha várias funções essenciais para o controle motor, equilíbrio e coordenação. Ele está localizado na parte inferior do cérebro, logo acima do tronco cerebral e é conectado à medula espinhal, ao cérebro médio e ao córtex cerebral. Estudos identificaram que esta região era composta por mais neurônios e menos axônios (fibras conectivas) em indivíduos com TEA. Isto significa que há muita informação e pouca possibilidade de condução aumentando a probabilidade de passar uma informação ruim, errada. Como resultado podem apresentar dificuldades de memória motora, marcha e funções executivas.

A amígdala cerebral é uma estrutura em forma de amêndoa localizada no lobo temporal do cérebro. Ela desempenha um papel fundamental no processamento das emoções, especialmente aquelas relacionadas ao medo e à ansiedade. A amígdala também está envolvida em outras funções, como a regulação do comportamento social e das respostas emocionais. No TEA é comum a presença de amigdala muito aumentada promovendo dificuldades para que a pessoa se autorregule. Há também uma menor conectividade entre as áreas giro frontal inferior e temporal medial ocasionando principalmente dificuldade de interação social.

AS DIFERENÇAS ESPECÍFICAS DA VIA VISUAL MAGNOCELULAR:

A Via Magnocelular é um dos sistemas de processamento visual do cérebro, responsável por detectar movimentos rápidos e grossos, além de contribuir para a percepção de profundidade e para a orientação visual no espaço. No TEA, há evidências de que a Via Magnocelular pode estar comprometida.

Como resultado desse comprometimento pode ser observado diferenças na percepção visual e na integração sensorial. Essas diferenças podem contribuir para dificuldades na percepção de movimento, na sensibilidade ao contraste e em outras áreas relacionadas à visão. Podem influenciar a forma como as pessoas com TEA interagem com o ambiente visual ao seu redor e contribuir para algumas das características observadas no TEA, como hipersensibilidade sensorial ou dificuldades com habilidades motoras.

PROCESSAMENTO VISUAL GLOBAL NO AUTISMO

O processamento visual global refere-se à capacidade de perceber e integrar informações visuais de forma holística, sem focar apenas em partes individuais. Algumas características comuns relacionadas ao processamento visual global no TEA incluem:

  1. Dificuldade na integração de informações visuais: Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldade em integrar informações visuais de diferentes partes de uma cena ou objeto, o que pode afetar sua capacidade de reconhecer padrões ou de perceber relações espaciais entre objetos.
  2. Foco em detalhes: Em contraste com o processamento visual global, algumas pessoas com TEA tendem a se concentrar em detalhes específicos, em vez de na imagem geral. Isso pode influenciar a forma como percebem e interpretam o ambiente visual ao seu redor.
  3. Dificuldade na percepção de faces: O processamento visual global é especialmente importante para a percepção de rostos. Alguns estudos sugerem que pessoas com TEA podem ter dificuldade em processar rostos de forma holística, o que pode afetar sua capacidade de reconhecer expressões faciais e de interpretar pistas sociais.
  4. Sensibilidade a estímulos visuais: Podem ser sensíveis a estímulos visuais intensos ou em movimento, o que pode dificultar ainda mais o processamento visual global em ambientes ricos em estímulos.

É importante notar que as experiências sensoriais e perceptivas podem variar amplamente entre as pessoas com TEA, e nem todas as pessoas com autismo apresentarão dificuldades no processamento visual global. Abordar essas diferenças de forma individualizada e adaptar as intervenções às necessidades específicas de cada pessoa é fundamental para oferecer o melhor suporte possível.

POR QUE ALGUMAS CRIANÇAS APRESENTAM SINAIS CARACTERÍSTICOS DE TEA APÓS O PRIMEIRO ANO DE IDADE?

Estudos mostram o aumento evidente do volume cortical em diversas áreas cerebrais ao longo dos primeiros meses de vida da criança com TEA quando comparado ao volume cerebral da criança neurotípica. Essa mudança no volume cerebral fica mais evidente após os 8 meses de idade com o desenvolvimento cerebral. Isso justifica porque os problemas de processamento visual e de linguagem tornam-se mais evidentes por volta dos 12 meses de idade.

PRINCIPAIS DIFICULDADES EM FUNÇÕES VISUAIS NO TEA:

SENSIBILIDADE AO CONTRASTE:

Indivíduos com TEA podem apresentar uma série de diferenças sensoriais, incluindo sensibilidades aumentadas ou diminuídas a estímulos sensoriais, como o contraste visual. Dificuldades com a sensibilidade ao contraste visual podem se manifestar de várias maneiras e variam de pessoa para pessoa afetando diretamente na forma como ela vai interagir com o ambiente visual ao seu redor, perceber detalhes, discriminar objetos ou formas em diferentes condições de iluminação, podendo ter sensibilidade aumentada para luzes brilhantes, cores vibrantes, padrões complexos, gerando hipersensibilidade visual e dificuldade para filtrar estímulos irrelevantes. Na diminuição da sensibilidade visual, os estímulos recebem menor atenção. além de influenciar em suas preferências sensoriais e comportamentais. 

  1. Hipossensibilidade ao contraste: ou sensibilidade ao contraste diminuída, é a dificuldade em perceber diferenças sutis de contraste entre objetos ou padrões. Isso pode afetar a capacidade de perceber ou distinguir detalhes em ambientes com muitos estímulos visuais.
  2. Hipersensibilidade ao contraste: ou sensibilidade ao contraste aumentada, significa que são facilmente sobrecarregadas por padrões ou objetos com forte contraste. Isso pode causar desconforto visual ou distração em ambientes com muitos estímulos visuais contrastantes.

PERCEPÇÃO DE MOVIMENTO:

Indivíduos com TEA podem apresentar uma série de diferenças sensoriais, incluindo dificuldades na percepção de movimento. Essas dificuldades podem se manifestar de várias maneiras e podem variar de pessoa para pessoa.

  1. Hipossensibilidade ao movimento: Algumas pessoas com autismo podem ter dificuldade em perceber ou processar movimentos de forma eficaz. Isso pode afetar sua capacidade de detectar movimentos sutis ou de seguir objetos em movimento.
  2. Hipersensibilidade ao movimento: Pessoas com autismo podem ser extremamente sensíveis ao movimento, o que significa que podem se sentir desconfortáveis ou sobrecarregadas por estímulos visuais em movimento, como carros passando ou pessoas andando rapidamente.
  3. Dificuldade de integração visual-motora: Alguns indivíduos com autismo podem ter dificuldade em integrar informações visuais e informações de movimento, o que pode afetar sua capacidade de realizar tarefas que requerem coordenação visual-motora, como pegar uma bola em movimento, acertar um alvo ou seguir uma linha em um desenho.

DIFICULDADES DE CONTATO OCULAR

O contato visual é uma parte importante da interação social, ajudando a estabelecer e manter a conexão com os outros. Pessoas com TEA comumente apresentam dificuldades de fazer e manter contato visual e, consequentemente, em processar e compreender informações sociais e emocionais. O interesse intenso em objetos ou padrões visuais específicos também contribui para piorar a atenção no contato ocular com outras pessoas.

Esta dificuldade para manter contato ocular pode ocorrer por dificuldades de movimentação sacádica ocular que no TEA muitas vezes não acontecem de forma adequada e apresentam-se curtas – sacadas hipométricas. As sacadas hipométricas referem-se a movimentos oculares que não atingem a distância esperada ou necessária para alcançar um determinado alvo visual. Esse tipo de movimento ocular pode ocorrer em várias condições, incluindo o TEA. Em indivíduos com TEA, as sacadas hipométricas podem estar relacionadas a dificuldades no processamento visual, na integração sensorial ou na coordenação motora necessária para realizar movimentos oculares precisos. e intensificam a possibilidade de o foco visual parar em regiões próximas como a boca, orelha ou nariz do interlocutor.

MOVIMENTOS OCULARES E TEA

Os desafios no controle de movimentos oculares podem variar amplamente entre indivíduos com TEA, e nem todas as pessoas com TEA experimentam esses tipos de dificuldades. A intervenção precoce e o suporte adequado podem ajudar a melhorar a comunicação e a interação social em pessoas com TEA que apresentam essas dificuldades

A movimentação sacádica ocular refere-se aos movimentos rápidos e voluntários dos olhos de um alvo visual para outro. Esses movimentos são essenciais para a exploração visual do ambiente e para a atenção seletiva a estímulos específicos. No Transtorno do Espectro Autista (TEA), o controle da movimentação sacádica ocular pode ser afetado de várias maneiras:

  1. Dificuldade de fixação ocular: Algumas pessoas com TEA podem apresentar dificuldades com a fixação do olhar, o que significa que podem ter dificuldade em manter o contato visual com outras pessoas ou objetos por períodos prolongados.
  2. Coordenação de seguimento ocular: Também é comum que indivíduos com TEA apresentem dificuldades na coordenação dos movimentos oculares, especialmente em tarefas que exigem seguir um objeto em movimento ou alternar rapidamente o foco entre diferentes objetos, o que pode afetar a forma como processam informações visuais e interagem com o ambiente.
  3. Menor número de sacadas e sacadas mais curtas: pesquisas indicam que pessoas com TEA podem fazer menos movimentos sacádicos do que indivíduos neurotípicos e essas sacadas se apresentarem mais curtas, ocasionando uma movimentação ocular lenta, atrasada, com tentativas de recuperação de velocidade e precisão, mas que se perdem no movimento. Esse movimento lento e com atraso pode afetar a maneira como exploram visualmente o ambiente e podem influenciar a atenção seletiva.
  4. Dificuldade na inibição de sacadas: podem ter dificuldade em inibir movimentos sacádicos automáticos, o que pode afetar sua capacidade de manter o foco em um estímulo específico por um longo período.

Embora essas diferenças no controle da movimentação sacádica ocular sejam observadas em algumas pessoas com TEA, é crucial reconhecer que cada indivíduo é único e pode apresentar uma variedade de habilidades e desafios visuais. A intervenção precoce e o suporte adequado podem ajudar a melhorar a exploração visual e a atenção visual em pessoas com TEA. 

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