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Saiba tudo sobre processamento visual

O QUE É PROCESSAMENTO VISUAL?

Processamento visual é o mecanismo pelo qual percebemos, interpretamos e compreendemos as informações visuais provenientes do ambiente, convertendo-as em representações cognitivas e perceptivas (Goldstein, 2014). Isto é, além dos olhos envolve como o cérebro processa e dá sentido a todas as informações visuais que recebe.

TRANSTORNOS DE PROCESSAMENTO VISUAL

Um transtorno de processamento visual refere-se a uma condição na qual há dificuldades na interpretação e compreensão de informações visuais pelo cérebro. Essas dificuldades podem afetar várias habilidades visuais, incluindo a percepção, o reconhecimento, a coordenação e outras funções visuais importantes. Os transtornos de processamento visual não são acompanhados necessariamente de problemas na acuidade visual (capacidade de ver detalhes), mas sim na forma como o cérebro interpreta e processa as informações visuais recebidas pelos olhos.

ENXERGAR BEM É DIFERENTE DE PROCESSAR ADEQUADAMENTE O QUE SE VÊ

O Sistema Visual vai além dos olhos!

Há quatro componentes no sistema visual:, formação da imagem (córnea e cristalino) ; exposição à  luz (íris e pupila); detecção da imagem (retina) e processamento (Cérebro)

“Enxergar”, se refere à entrada de estímulos luminosos pela córnea, pelo controle de luz da iris e pupila, e pela lente do olho, o cristalino e pela formação da imagem no fundo da retina. contém células fotorreceptoras, como os cones (responsáveis pela visão central ) e bastonetes (responsáveis pela visão periférica) , que convertem a luz em sinais elétricos que são levados ao córtex occipital pelo nervo óptico.

As perdas visuais podem ocorrer por alterações no globo ocular (catarata, glaucoma, albinismo), na retina (retinopatia, retinose), no nervo óptico (palidez de papila).

Processar o que se vê envolve a interpretação e compreensão consciente das informações visuais. Após a formação da imagem na retina, o cérebro processa sinais elétricos percorrendo diferentes caminhos, com a participação de diferentes regiões cerebrais (subcorticais e corticais), estabelecendo complexos circuitos neurais para o cérebro entender o que está sendo visto. Essa etapa envolve a interpretação de formas, cores, movimentos e outras características visuais. O cérebro integra essas informações com experiências passadas, conhecimento e contexto para formar uma compreensão consciente do que está sendo visto.

Um exemplo bastante comum para entender a diferença entre o “ver” e o “processar” está em crianças que apresentam dificuldades na escola como lentidão para ser alfabetizada, dificuldades para executar atividades específicas como cópias, seguir corretamente as linhas na folha do caderno, escrever corretamente, manter o foco atencional. Nestes casos comumente alterações nas habilidades de Processamento Visual estão presentes, porém quando submetidas a uma avaliação oftalmológica, apresentam desempenho adequado. De forma inadequada, em grande parte dos casos, a investigação é encerrada e não se relaciona o baixo desempenho às questões visuais.

A avaliação de Processamento Visual é complementar e tão importante quanto a investigação oftalmológica.  Esta avaliação investigará o desempenho em habilidades como movimentação ocular, coordenação oculomotora, atenção e a memória visual, closura visual, constância de forma entre outras que, associadas às demais habilidades de Processamento, representam pré-requisitos para um desempenho eficiente não somente em âmbito escolar, mas também para executar atividades de rotina diária em outros ambientes como o doméstico. 

De forma resumida, “enxergar” é o processo físico e fisiológico de receber estímulos visuais, enquanto “processar o que se vê” refere-se à interpretação cognitiva desses estímulos. Embora o enxergar seja em grande parte automático e ocorra involuntariamente, o processamento visual envolve atividades cognitivas mais complexas e conscientes, permitindo a compreensão e a interpretação do ambiente visual.

AVALIAÇÃO OFTALMOLÓGICA É DIFERENTE DE AVALIAÇÃO DE PROCESSAMENTO VISUAL

A avaliação com o oftalmologista, médico especializado em cuidar da saúde ocular, é a parte inicial de investigação para identificar se uma pessoa tem ou não alteração de processamento visual.

Esta avaliação tem como objetivo avaliar a saúde e a funcionalidade dos olhos, identificar problemas visuais e oculares, bem como prevenir e tratar condições que possam afetar a visão.

Realizar avaliações oftalmológicas regularmente é crucial para manter a saúde ocular e prevenir problemas de visão. Essas avaliações são importantes em todas as idades e devem ser realizadas periodicamente mesmo diante de um exame oftalmológico normal, pois as necessidades visuais podem mudar ao longo do tempo.

O QUE O OFTALMOLOGISTA AVALIA?

A avaliação oftalmológica inclui:

  1. Realização de testes de acuidade visual e identificação de problemas de refração, isto é, verificação da necessidade de correção visual, como miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia (vista cansada).
  2. Prescrição de Óculos ou Lentes de Contato: Diante da identificação da necessidade de correção visual, será o oftalmologista o profissional que prescreverá óculos ou lentes de contato.
  3. Diagnóstico de Doenças Oculares: Detecção precoce e diagnóstico de condições oculares, como glaucoma, catarata, retinopatia diabética, degeneração macular, entre outras.
  4. Avaliação da Saúde Ocular Geral: Exame do estado geral dos olhos, incluindo a análise da córnea, íris, cristalino, retina, nervo óptico e outros componentes.
  5. Monitoramento de Condições Crônicas: Acompanhamento de pacientes com condições crônicas, como diabetes, que podem afetar a saúde ocular.
  6. Avaliação da Coordenação Ocular e Visão Binocular: Verificação da capacidade dos olhos de trabalhar juntos corretamente para proporcionar uma visão binocular eficaz. Além do oftalmologista, estas habilidades também podem ser avaliadas por outros profissionais que investigam a integridade do processamento visual.
  7. Orientação e Educação: Fornecimento de informações sobre cuidados com os olhos, prevenção de lesões oculares e outras práticas saudáveis.

COMO É FEITA A AVALIAÇÃO DE PROCESSAMENTO VISUAL?

A avaliação do processamento visual envolve uma série de testes e avaliações realizados por profissionais habilitados em saúde visual. O processo pode variar dependendo do caso específico da pessoa avaliada e podem incluir os seguintes elementos:

  1. Exame Oftalmológico Básico: Um exame oftalmológico de rotina, como o descrito acima, deve ser realizado para avaliar a saúde geral dos olhos, medir a acuidade visual, verificar a refração para determinar se há necessidade de correção visual com óculos ou lentes de contato, e examinar a estrutura ocular.
  2. História Clínica: Coleta informações detalhadas sobre a história da pessoa que será avaliada, incluindo antecedentes familiares de problemas visuais, histórico de saúde ocular, desenvolvimento visual na infância e quaisquer preocupações específicas.
  3. podem ser aplicados rastreadores específicos para se identificar comportamentos visuais indicativos de deficiência visual cortical/cerebral.
  4. Avaliação de Funções Visuais:
    • Avaliação de funções visuais básicas: Incluem testes de campo visual, adaptação visual ao claro e escuro, visão de cores e visão espacial (localização, percepção de distância, percepção de profundidade mono e binocular, incluindo estereopsia)
    • Avaliação das funções visuais superiores: Representam a combinação de percepção visual, cognição visual, direcionamento do movimento, capacidade de escolher o que se quer ver e atenção visual. Incluem testes de identificação e reconhecimento visual, orientação topológica e geográfica, processamento de texto e número.
    • Outros  elementos fundamentais na avaliação das funções visuais são a habilidade de identificar a face humana, cuja dificuldade é chamada de prosopagnosia e a habilidade de selecionar um alvo entre muitos estímulos, cuja dificuldade é chamada de simultanagnosia (SAIBA MAIS)
  5. Avaliação Funcional da Visão: Para identificar como a pessoa utiliza sua visão e habilidade visuais em diferentes tarefas e atividades do seu cotidiano.

Os testes são simples, não invasivos e aplicados sempre em sessões presenciais. Com base nos resultados é possível identificar áreas específicas com dificuldades de Processamento Visual e desenvolver um plano de intervenção personalizado.

FIQUE ATENTO AOS POSSÍVEIS SINAIS DE ALTERAÇÕES DE PROCESSAMENTO VISUAL  

As alterações no processamento visual podem manifestar-se de diversas formas, e os sinais podem variar dependendo da natureza e da gravidade do problema. Aqui estão alguns sinais que podem indicar possíveis alterações no processamento visual:

  1. Dificuldades na Leitura:
    •   Dificuldade em seguir uma linha de texto.
    •   Pular linhas ao ler.
    •   Perda de lugar durante a leitura.
  2. Problemas de Coordenação Ocular:
    •   Dificuldade em manter o foco em objetos em movimento.
    •   Dificuldade em alternar rapidamente o foco entre diferentes distâncias.
  3. Sensibilidade à Luz:
    •   Incômodo ou dor em ambientes muito claros.
    •   Dificuldade em se ajustar a mudanças de iluminação.
  4. Dificuldade em Copiar de Quadro-Negro ou Livro:
    •  Dificuldade em copiar informações de uma superfície para outra.
  5. Confusão com Cores ou Padrões:
    •  Dificuldade em distinguir entre cores.
    •  Dificuldade em identificar padrões visuais.
  6. Dificuldade em Julgar Distâncias:
    •  Problemas em calcular distâncias ou profundidade.
  7. Desconforto Visual:
    •  Dores de cabeça frequentes relacionadas à leitura ou atividades visuais.
    •  Olhos secos ou irritados.
  8. Dificuldades com Habilidades Visuais-Motoras:
    •  Dificuldade em realizar tarefas que exigem coordenação entre visão e movimentos, como pegar uma bola.
  9. Problemas de Concentração:
    •  Dificuldade em manter a atenção em tarefas visuais por períodos prolongados.
  10. Ter a sensação de que as letras ou palavras se movem:
    •   Relatos de letras ou palavras que parecem se mover na página.

Diante de parte desses sinais, é aconselhável procurar a avaliação inicial de um oftalmologista e, mesmo diante de resultados dentro do esperado, procurar também um profissional de saúde visual especializado em problemas de processamento visual. Esses profissionais podem conduzir testes específicos para identificar possíveis dificuldades e recomendar intervenções apropriadas, como terapia visual ou outras abordagens para melhorar o processamento visual.

POR QUE DEVEMOS PENSAR EM PROCESSAMENTO VISUAL EM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESCOLAR?

A entrada de informação ocorre, prioritariamente, por meio de estímulos visuais e auditivos.  As dificuldades de aprendizagem escolar podem estar relacionadas a diversos fatores, e as alterações no processamento visual são uma das áreas que podem influenciar o desempenho acadêmico de uma pessoa. 

A seguir apresentamos algumas maneiras como as alterações no processamento visual podem impactar a aprendizagem:

  1. Dificuldades na Leitura: Problemas no processamento visual podem dificultar a leitura, ocasionando dificuldades para rastrear adequadamente as palavras em um texto (perdendo com frequência o local do texto que está lendo), confusão entre letras ou palavras semelhantes ou lentidão para ler.
  2. Problemas na Compreensão da Leitura: Dificuldades em interpretar corretamente o que é lido.
  3. Dificuldades na Escrita: Dificuldade em copiar informações do quadro-negro ou de um livro devido a problemas no processamento visual.
  4. Desafios na Organização Visual: Dificuldades em organizar informações visualmente, o que pode afetar a capacidade de entender e recordar informações apresentadas de forma gráfica.
  5. Problemas na Matemática: Dificuldades em compreender símbolos matemáticos, alinhamento de números e operações matemáticas.
  6. Coordenação Oculomotora: Problemas no desempenho em atividades que requerem habilidades visuais e motoras integradas, como agilidade para realizar cópias, baixo desempenho em atividades com bola nas aulas de educação física.
  7. Fadiga Visual: Cansaço excessivo por necessidade de esforço para manter a atenção visual por períodos prolongados, gerando fadiga ocular.
  8. Problemas de Atenção Visual: Dificuldade em se concentrar em estímulos visuais importantes, interferindo na absorção de informações durante a aprendizagem.

Muitas das dificuldades de aprendizagem são multifatoriais, envolvendo contribuições de diferentes áreas, como visual, auditiva, cognição, linguagem, habilidades motoras e outros aspectos.

Se houver suspeitas de problemas no processamento visual que possam estar afetando o desempenho acadêmico, é recomendável consultar um profissional de saúde visual, com avaliação oftalmológica prévia, para avaliação e intervenção apropriada. 

Testes específicos podem ser conduzidos para identificar e abordar possíveis dificuldades no processamento visual.

A ALTERAÇÃO DE PROCESSAMENTO VISUAL PODE ESTAR PRESENTE EM QUAIS TRANSTORNOS OU DEFICIÊNCIAS?

As alterações no processamento visual podem estar associadas a vários transtornos e condições, afetando a forma como o cérebro interpreta e processa informações visuais. Alguns dos transtornos nos quais alterações no processamento visual são observadas incluem:

  1. Deficiência Visual Cortical/ cerebral (DVC):

O termo deficiência visual cortical refere-se  à alterações nas vias visuais do córtex, de forma que a pessoa pode ver mas não pode selecionar e categorizar o que vê e o mundo visual é uma aglomeração de cores, formas e tamanhos. O exame do globo ocular está sem alterações e não há lesões nas estruturas do olho que justifiquem tamanha dificuldade visual. A história pregressa inclui problemas neurológicos, prematuridade, anóxia neonatal. 

A deficiência visual cortical tem sido avaliada funcionalmente por dez características visuais específicas baseadas em uma escala denominada de  (Escala CVI Range). A base da avaliação está na compreensão de todas as funções das vias de processamento visual dorsal e ventral.

A deficiência visual cerebral é um termo mais abrangente, que considera alterações nas vias visuais  do córtex, nos centros visuais do cérebro  e nas áreas associativas visuais, de modo que podem ocorrer alterações de processamento visual associados a distúrbios dos movimentos oculares  como estrabismo, nistagmo além de  alterações visuais.  A avaliação se baseia em rastreadores que identificam mais de 16 comportamentos visuais específicos.

Dentre as causas da DVC temos: leucomalácia periventricular; anoxia neonatal;  prematuridade; infecções congênitas com herpes, toxoplasmose, meningite; síndrome do vírus da ZIKA, e alterações genéticas. 

Para avaliar os comportamentos visuais, obrigatoriamente deve-se conhecer todas as funções visuais relacionadas com a via de processamento visual dorsal , denominada da via do “onde eu vejo “ e a via de processamento visual ventral denominada de  da via do “quê eu vejo”.  O processamento visual envolve  o reconhecimento daquilo que se vê, mas também a identificação de onde estão aquilo que vejo.

2. Transtornos de leitura e Escrita, incluindo a Dislexia:

       – A dislexia é um transtorno de aprendizagem que afeta a habilidade de ler, escrever e soletrar. Dificuldades no processamento visual, como a percepção inadequada de letras e palavras, podem contribuir para os desafios enfrentados por pessoas com transtornos de leitura e escrita.

    3. Síndrome de Convergência Ocular Insuficiente (SCI):

       – A SCI é caracterizada por dificuldades na convergência dos olhos para manter o foco em objetos próximos, o que pode afetar a leitura e tarefas que exigem visão de perto.

    4. Transtorno do Processamento Visual-Motor (ou Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação):

       – Pessoas com esse transtorno podem ter dificuldades na integração de informações visuais e motoras, afetando habilidades como escrita, coordenação motora fina e atividades esportivas.

    5. Síndrome de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH):

       – Algumas pessoas com TDAH podem apresentar dificuldades na atenção visual e na capacidade de manter o foco em estímulos visuais, o que pode impactar o desempenho acadêmico.

    6. Síndrome do Olho Seco e Outras Condições Oculares:

       – Alterações no processamento visual também podem ser observadas em condições oculares, como síndrome do olho seco, que pode causar desconforto visual.

    7. Transtornos do Espectro Autista (TEA):

       – Pessoas com TEA podem ter diferenças no processamento visual, afetando a forma como percebem e respondem a estímulos visuais. Essas alterações são observadas em habilidades como a percepção de faces, a identificação de movimentos biológicos, de foco visual seletivo e para alternar o foco visual.

    8. Transtornos de fala:

     – A aquisição da fala requer, entre outras habilidades, a possibilidade de imitação motora dos movimentos articulatórios. O processamento visual é fundamental para que esta imitação ocorra, permitindo pela visualização posicionar adequadamente estruturas como a língua e lábios para produzir diferentes sons. Em pessoas com transtornos fonológicos e apraxia de fala as alterações de processamento visual podem estar presentes.

    9. Afasias:

    – As alterações de processamento visual contribuem para dificuldades de fala, leitura e escrita em pessoas com Afasia pelo comprometimento de habilidades como a percepção e discriminação visual, memória visual e a coordenação oculomotora.

    É importante observar que a relação entre alterações no processamento visual e esses transtornos é complexa, e muitas vezes essas condições são multifatoriais, envolvendo contribuições de diferentes áreas do desenvolvimento. A avaliação por profissionais de saúde visual, como oftalmologistas e especialistas em terapia visual, é essencial para identificar e abordar especificamente as dificuldades no processamento visual relacionadas a esses transtornos.

    HABILIDADES DE PROCESSAMENTO VISUAL

    O processamento visual é um conjunto complexo de habilidades que envolvem a interpretação e compreensão das informações visuais que recebemos do ambiente. Diversas habilidades contribuem para o processamento visual eficiente. Algumas das habilidades de processamento visual incluem:

    1. Atenção visual: Estado de alerta e prontidão para a aprendizagem visual. Requer esforço frequente e consciente para concentrar-se visualmente e selecionar quais estímulos são relevantes e quais podem ser ignorados.
    2. Fechamento/ Closura Visual: Capacidade de reconhecer formas e objetos mesmo com a supressão de parte das informações.
    3. Constância de Forma: Capacidade de reconhecer formas e objetos mesmo quando apresentados em ambientes, tamanhos ou posicionamentos diferentes. 
    4. Discriminação visual: Possibilidade de reconhecer as características básicas de um estímulo, como cor, forma, tamanho, orientação
    5. Discriminação figura-fundo visual: Permite que a pessoa se atente rapidamente aos elementos mais importantes de uma imagem e separe as informações menos relevantes em segundo plano. 
    6. Memória visual: Capacidade de recordar as informações apresentadas visualmente. Esta habilidade engloba memória visual imediata, para informações aprendidas anteriormente, memória sequencial.
    7. Coordenação Oculomotora: A capacidade de integrar informações visuais com movimentos do corpo, como alcançar um objeto com as mãos, colocar precisamente um objeto sobre uma superfície, escrever seguindo linhas do caderno. Permite antecipar onde colocar a mão para pegar ou arremessar um objeto e mover a mão de forma precisa na escrita. Esse processo sofre ajustes constantes com base no feedback visual.
    8. Percepção viso espacial: Capacidade de reconhecer a posição de algo ou alguém em relação ao ambiente. Permite dominar vocabulário que descreve essas relações no espaço.
    9. Rastreamento Visual: Apesar de não ser uma função prioritariamente superior, o rastreamento se refere ao movimento contínuo e suave dos olhos enquanto seguem um objeto em movimento. Esse processo envolve a capacidade de manter os olhos fixos no objeto em movimento e realizar ajustes suaves e coordenados para acompanhá-lo.
    10. Seguimento Visual: Habilidade de manter o foco visual de forma mais geral em um objeto em movimento. Pode envolver o rastreamento ocular suave e movimentos mais rápidos e abruptos dos olhos.
    11. Reconhecimento de cores: Refere-se à capacidade de perceber e distinguir diferentes cores. Essa habilidade é fundamental para diversas atividades cotidianas, incluindo a identificação de objetos. 

    Essas habilidades são inter-relacionadas e desempenham um papel fundamental em várias atividades diárias, como leitura, escrita, atividades esportivas e interações sociais. Dificuldades em qualquer habilidade podem afetar a realização de tarefas visuais e cognitivas. A avaliação por profissionais de saúde visual pode ajudar a identificar áreas específicas de dificuldade e orientar intervenções apropriadas, como terapia visual.

    QUEM PODE AVALIAR AS HABILIDADES DE PROCESSAMENTO VISUAL?

    Profissionais de áreas da saúde e educação podem realizar avaliações de habilidades de processamento visual, desde que tenham habilitação na área. 

    É importante ressaltar que, em casos de dificuldades específicas no processamento visual, procurar um especialista qualificado é fundamental pois conduzirá testes mais detalhados para determinar a natureza das dificuldades e desenvolver um plano de intervenção adequado.

    Na VIVER – Visão para Aprender, as avaliações são realizadas por fonoaudiólogas pós-graduadas em neurociências da visão.  As indicações para a realização da investigação são dificuldades de comunicação, aprendizagem e linguagem para complementação de processo avaliativo e auxílio no delineamento de programação de intervenção terapêutica para fonoaudiólogos, psicopedagogos, neuropsicólogos, psicomotricistas, terapeutas ocupacionais e intervenção educacional para auxílio na conduta escolar.

    QUE PROFISSIONAL DEVO PROCURAR PARA O TRATAMENTO DE ALTERAÇÕES DO PROCESSAMENTO VISUAL?

    Para o tratamento de alterações no processamento visual, você pode procurar a ajuda de profissionais especializados em saúde visual que abordarão necessidades específicas de intervenção junto às pessoas com dificuldades. 

    Ao procurar tratamento para alterações no processamento visual, é importante considerar as necessidades específicas da pessoa e a natureza das dificuldades observadas. Uma avaliação completa por um profissional qualificado ajudará a determinar o curso de tratamento mais apropriado. 

    AS ALTERAÇÕES DE PROCESSAMENTO VISUAL TÊM CURA?

    A abordagem para o tratamento de alterações no processamento visual pode variar dependendo da natureza e da causa específica do problema. Algumas condições podem ser tratadas com sucesso, enquanto outras podem requerer intervenções contínuas para gerenciar os sintomas, minimizar as alterações observadas ou ainda otimizar o desempenho em atividades ou funções específicas. Vamos considerar alguns pontos:

    1. Terapia Visual:
      • Para muitas alterações no processamento visual, a terapia visual é uma abordagem eficaz. Essa forma de tratamento envolve exercícios e atividades direcionadas para potencializar as habilidades visuais, como coordenação visual-motora, fusão visual, rastreamento visual, entre outras. A terapia visual deve ser realizada sob a orientação de um especialista em atividades com material físico e/ou virtual, como os jogos disponibilizados em nossa plataforma visaoparaaprender.com.br 
    2. Correção Óptica:
      • Em alguns casos, o uso de óculos ou lentes de contato pode ser prescrito para corrigir problemas refrativos ou aliviar sintomas visuais específicos. A correção óptica pode ajudar a melhorar a acuidade visual e facilitar o processamento visual.
    3. Tratamento de Condições Subjacentes:
      • Se as alterações no processamento visual estiverem relacionadas condições como síndromes genéticas, distúrbios neurológicos ou outras alterações, o tratamento dessas condições específicas pode ser necessário.
    4. Acomodações e Modificações Ambientais:
      • A implementação de ajustes no ambiente normalmente é necessária e muito benéfica. Adaptações corretas podem facilitar e melhorar o desempenho em atividades de maior demanda visual.

    Em alguns casos, as alterações no processamento visual podem ser uma característica permanente, mas as intervenções apropriadas podem ajudar a melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida. O sucesso do tratamento também pode depender da identificação precoce das dificuldades e da consistência na implementação das intervenções recomendadas.

    Cada caso é único, e a decisão sobre o curso de tratamento deve ser baseada na avaliação individual realizada por profissionais de saúde visual qualificados. Se você ou alguém que você conhece apresenta sintomas de alterações no processamento visual, procure avaliação e orientação adequadas.

    QUEM SE BENEFICIA COM A ESTIMULAÇÃO DE HABILIDADES DE PROCESSAMENTO VISUAL?

    Não há contraindicações para potencializar habilidades visuais. Exercícios visuais são sempre bem vindos, em especial para crianças em período de desenvolvimento (até os 12 anos) como mais um fator de estimulação para potencializar a aprendizagem e em idosos para manter funções em um período no qual o declínio em habilidades, entre elas as de processamento visual, é muito frequente. 

    Na habilitação e reabilitação de pessoas com  deficiência visual cortical/cerebral, a terapia visual associada à  fonoaudiológica é essencial para o desenvolvimento de linguagem, comunicação e aprendizagem. Pessoas com DVC necessitam de recursos específicos de comunicação aumentativa e  alternativa que atendam as suas especificidades visuais. O sucesso da terapia fonoaudiológica de CAA junto a pessoas com alterações visuais deve considerar a avaliação da simultanagnosia e prosopagnosia.  Muitas vezes o insucesso na indicação de um sistema de CAA está na dificuldade da pessoa em identificar um símbolo dentre muitos outros que estão em sua prancha de papel ou em tablets/iPads. Pessoas com DVC podem ter dificuldades em reconhecer a face humana e em identificar e reconhecer os detalhes e características salientes entre figuras, por exemplo, reconhecer as diferenças entre um lobo e um uso, ao ver a imagem de ambos. Tal comportamento visual impacta o reconhecimento de pictogramas. 

    No que se refere à processos de habilitação e/ou reabilitação, pessoas com distúrbios de leitura e escrita, transtornos fonológicos, transtornos do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos neurológicos congênitos ou adquiridos, transtorno do espectro do autismo (TEA) e dificuldades de aprendizagem são muito beneficiadas e tendem a apresentar evoluções mais significativas quando realizam intervenções que incluem a estimulação de habilidades visuais integradas de forma sistemática ao programa terapêutico.

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